Por Maíra Marchi – 10/08/2015
Celebrar nossa desunião.
(…)Vamos celebrar nossa vaidade.
(…) Vamos celebrar nossa justiça,
a ganância e a difamação.
Vamos celebrar os preconceitos
(…) não ter a quem ouvir,
não se ter a quem amar.
Vamos alimentar o que é maldade.
Vamos machucar um coração.
(…) Vamos festejar a inveja,
a intolerância e a incompreensão.
Vamos celebrar a violência.
(…)Vamos celebrar a aberração
de toda a nossa falta de bom senso,
nosso descaso por educação.
(…) Venha, meu coração está com pressa.
Quando a esperança está dispersa
só a verdade me liberta.
Chega de maldade e ilusão.Legião Urbana
É demasiado corriqueira a demanda, pelos adeptos da cultura do terror
[1], de legitimidade para a repressão, sofrimento, dor. Tudo isto dirigido ao outro, é claro! Afinal, quanto maior a radicalidade do outro (quanto mais diferente de mim ele se apresenta), mais insuportável é a convivência com ele por aqueles que pouco/nada podem viver em sociedade. Ou, lembrando de Freud (1915/1996, p.309) dizendo-nos que “
devemos as mais belas florações de nosso amor à reação contra o impulso hostil que sentimos dentro de nós“, por aqueles que nunca se tornaram capazes de amar.
Inaptos para viver em sociedade não são aqueles que transgridem regras, mas os que as pervertem. São os que, por exemplo, convencem-se e (tentam)convencer de que o outro merece ser exterminado.
Aqui, pretendo falar aos que têm o amor como bandeira, e que sofrem por continuamente se verem cercados pelo discurso do ódio. Aqueles cujos olhos marejam de sangue não entendem que o amor não é questionável. Eles não admitem que seus questionamentos do tipo “mas e se…”, numa tentativa desesperada de encontrar condições em que os que amantes não amarão, não convencem aqueles que suportam o outro sem precisar que ele seja, nem que seja num pedacinho qualquer, um espelho de si.
Pretendo dialogar com os amantes incorrigíveis, que muitas vezes sentem-se sós. Digo-lhes desde já que assim continuem nesses corredores da vida, entre um e outro esbarrão com outros que usam o próprio coração para iluminar o seu caminho. Falo aos assim descritos por Freud (1915/1996, p.285), e com o mesmo propósito citado pelo pai da Psicanálise: “O indivíduo que não é ele próprio um combatente – e dessa forma um dente da gigantesca engrenagem da guerra – sente-se atônito em sua orientação e inibido em seus poderes e atividades. Creio que receberá de bom grado qualquer indício, por mais leve que seja, que lhe torne mais fácil encontrar seu rumo pelo menos dentro de si”.
A questão que pretendo apontar é: se já é(deveria ser) ameaçador à civilização a existência de sujeitos que só dirigem ódio ao outro a ponto de procurarem justificativas para o mal (sendo seu ícone a vingança), o que pensar de um Estado que faz o mesmo? O que dizer de um Estado que também se diz estar em guerra?
Poder-se-ia discorrer sobre o desrespeito aos que de fato estiveram numa guerra ao nominarem de “guerra” a situação atual da criminalidade no Ocidente. É um ultraje a quem esteve numa guerra a mensagem de que deve tomar o autor de crimes de tráfico, roubo, homicídio, estelionato e estupro como “inimigo”
[2]. Porém, apenas procurarei argumentar que a vida pode ser melhor que aquela fantasiada pelos delírios e alucinações persecutórios.
No texto já referido de Freud, que é um dos dois em que ele trata especificamente da temática da guerra, ele faz um alerta nesta direção: de que o Estado não proíbe a prática do mal porque deseja abolí-la, mas porque deseja monopolizá-la. E, ainda mais fundamental, aponta a ingenuidade dos que se vangloriam da (suposta)retidão: “Não se deve objetar que o Estado não pode abster-se de praticar o mal, de uma vez que isso o colocaria em desvantagem. Não é menos desvantajoso, em geral, para o indivíduo, conformar-se aos padrões de moralidade e abster-se de uma conduta brutal e arbitrária; e poucas vezes o Estado prova ser capaz de indenizá-lo pelos sacrifícios que exige” (Freud, 1915, p.289).
Poder-se-ia pensar que o Estado sabe muito bem que os cidadãos não estão em guerra entre si, mas que ele(Estado) ganharia se estivessem. Daí sua tentativa de piorar o que já nos é árduo: conviver. Nesta direção, é possível elencar várias modalidades com que o Estado alcança tal façanha, mas me aterei a algumas passagens de obras de autoria de policiais sobre Gerenciamento de Crises
[3]. Isto porque me parece tratar de situações que bem permitem a visualização de uma confusão entre segurança pública e formas armadas. Entendo que a maneira com que a Polícia reconhece sua atribuição nestes casos é uma espécie de ícone de como vê sua atividade cotidiana (Gomes, 2010).
Dentre os fundamentos doutrinários dos Grupos Táticos, por exemplo, encontra-se unidade paramilitar ou militar de pequeno porte; hierarquia, disciplina e lealdade; voluntariado; treinamento constante; dedicação exclusiva e compromisso de matar (Souza, 1995). De fato há quem faça contrapontos a essa concepção, como Lucca (2002, pp.79-80), que permite indagarmos se a explicação para a atuação bélica de alguns grupos especiais de polícia não pode ser explicada, pelo menos em parte, a partir de sua origem. Em seus termos:
O conceito de invasão tática se popularizou no meio policial por intermédio dos modelos das SWATS americanas e, posteriormente, em outros grupos similares em países da Europa. (…) os modelos citados tiveram forte influência das denominadas Ações de Comando, que tinham como objetivo, geralmente, causar destruição baixas nos inimigos. Deve-se observar que esse modelo, para o uso policial, não se aplica e, por isso, as expressões tais como compromisso de matar, agir com violência e outras similares, não são pertinentes para nenhum grupo tático que tenha o propósito de agir (grifo do autor)
Atualmente há entendimentos técnicos, até em respeito a algumas normativas legais, que o Gerenciamento de Crises deve buscar salvar a vida de todos os envolvidos até o último recurso. Tanto o é que, mesmo quando autorizada a invasão tática (último recurso para sua solução), prevê-se que os policiais procurarão tanto quanto possível elaborar uma estratégia na qual inclusive o autor da crise permaneça vivo.
De qualquer forma, na história da doutrina policial sobre o assunto, numa obra escrita três anos após a promulgação da Constituição de 88, encontra-se este tipo de argumento: “Ao ingressar num ponto crítico para promoverem um resgate, os homens do grupo tático estão treinados e condicionados a matar os bandidos e libertar os reféns incólumes. Se porventura algum bandido lograr escapar com vida é porque a missão não foi cumprida com perfeição” (ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA, 1991, p.57) (grifo meu). E, na mesma direção, a seguinte justificativa:
Os causadores do evento crítico, de acordo com a doutrina de gerenciamento de crises, tiveram a sua oportunidade de negociar, de depor armas e de buscar uma saída honrosa e segura para o problema que eles próprios criaram.
Extintas as negociações por ato unilateral deles, e começadas inequívocas ações contra as vidas dos reféns, não se pode esperar que um policial condicionado a atirar para matar vá interpretar um gesto desesperado de rendição como autêntico.
Se isso acontecer, tudo bem – a vida do bandido será preservada – mas, no caso contrário, não há por que a polícia e a Justiça ficarem chorando o leite derramado (que não era, afinal de contas, deboa qualidade) (ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA, 1991, pp.57-58) (grifos meus)
Parece difícil esperar que um policial formado por um Estado que presta continência à guerra acredite que ele não está numa guerra. A eles, apresento a seguinte resposta de Dolto (1988, p.178) à carta de um menino de doze anos, porque entendo que estes policiais estão tão vulneráveis quanto um sujeito desta idade:
“as crianças precisam brincar de guerra, porque os adultos acham as armas tão interessantes que fazem desfiles delas nos dias de festa e todos vão ver e aplaudem esses desfiles de armas cada vez mais perigosas. Um fuzil de madeira, um revólver de brinquedo, não são muito perigosos e permitem brincar de durões. Eu não tenho opinião sobre o assunto. Mas há pais que têm. Os pais são como são, e, quando se escolhe os seus, é preciso se adaptar. Você, quando for pai, rapaz, fará o que quiser! E é você quem deve me dizer se acha que os colegas que não fazem brincadeiras de guerra são mais humanos e mais civilizados do que os outros. Eu não sei de nada. As brincadeiras de guerra são coisa de crianças pequenas; mais tarde, gosta-se das artes marciais, como se diz – que são jogos com regras e que exigem domínio de si mesmo.”
Resta-nos indagar porque os adultos celebram as armas, inclusive em cerimônias cívicas. O que dizer de um Estado que infantiliza os cidadãos, ao confundir brincadeira e realidade de guerra?
Constatando que o Estado intervém cada vez mais para nos excluir, e não para mediar os conflitos que a relação com o outro inevitavelmente traz, cada vez mais me convenço de que a capacidade de amar o outro é inversamente proporcional ao amor à lei e à verdade. Algo que um conto de fadas já nos havia ensinado…
A menina passou a viver feliz com os anõezinhos, não fora a pertinaz estupidez do espelho que só sabia dizer a verdade, em virtude de seu rigorismo ético. Logo na primeira vez que a madrasta o procurou, o espelho amoral mas muito sabido, e acometido de esclerodactilia, dedou que a Branca de Neve continuava viva e até forneceu o seu endereço para a rainha. Se fosse hoje, é certo que ele seria empregado dos serviços de inteligência. O resto, todos conhecemos.
O espelho teria acertado se, cruzando os dedos, tivesse contado uma mentira. E isto por uma razão muito simples: a verdade pode ser colocada a serviço da morte. Também a morte ama o saber. Também a morte protege a Ciência…A corrida armamentista…(…). Será possível manter-se livre de valores quando se enfrenta a morte? Ou neutro, quando a vida está em jogo? (Alves, 1994. pp.41-42)
Além da função do personagem “Espelho mágico”, outro aspecto sobre o qual pouco se fala a propósito da história da “Branca de Neve e os sete anões” é que o pai da protagonista nada tinha de inocente. Melhor dizendo, que ele (também)tinha responsabilidade na rivalidade entre a segunda esposa e a filha. Uma responsabilidade que pode ser percebida em diversos aspectos nas várias versões da história, mas que em todas elas se encontra na transmissão de um ideal de humano. Este ideal de humano se mostra na repulsa ao horrendo pelas duas esposas e filha. A primeira, por meio da expectativa de uma filha perfeita; a segunda, da expectativa de beleza; e a última, por meio da expectativa de bondade. Não é de se desconsiderar, além disto, que a busca de atingir o ideal de todas elas era atravessada pelo objetivo de agradar esse homem.
Em algumas versões, o pai de Branca de Neve morre antes da segunda esposa tentar matá-la. Em outras, ele simplesmente desaparece a partir de determinado momento, permitindo-nos pensar em uma omissão. Mas é em torno dele que se dão, em todas as versões, algumas mortes. E é em torno de homens menores e que não são “ao-menos-um” que se dão algumas novas chances de vida (à filha, pelo menos). A plena potência costuma ser um péssimo lugar em que se mirar.
O pai real, diz-nos Freud, é castrador. Em quê? Por sua presença real, como efetivamente dando um duro em cima do personagem em relação a quem a criança se encontra em rivalidade com ele, ou seja, a mãe. Que seja ou não assim na experiência, na teoria isso não traz nenhuma dúvida — o pai real é promovido como Grande Fodedor — e não diante do Eterno, creiam-me, que nem mesmo está aí para contar o número de vezes. Mas não se paga esse pai real e mítico no declínio do Édipo por trás daquele que a criança, nessa idade no entanto avançada de cinco anos, pode muito bem já ter descoberto? — ou seja, o pai imaginário, o pai que fez essa criança ser tão fodida.
(…). Não é em torno da experiência da privação que tem a tenra criança — não tanto por ser pequena mas por ser homem — não é em torno do que para ela é a privação que o luto do pai imaginário se fomenta e se forja? — isto é de um pai que é verdadeiramente alguém. A recriminação perpétua que então nasce, de uma maneira mais ou menos definitiva e bem formada segundo os casos, permanece fundamental na estrutura do sujeito. Esse pai imaginário, é ele, e não o pai real, que é o fundamento da imagem providencial de Deus. (Lacan, 1959/2960, pp. 368-369).
É aterrador o que se faz em nome da autoridade suprema. Em nome de um oficial, de uma nação, de um Deus. E que se destaque que o pior de uma autoridade não é ser plena, mas fazer crer ao sujeito a ela submetido que ele assim deveria ser. Do pai real que é invejado, chega-se ao pai imaginário que é idealizado. Se isto nos é inevitável, que pelo menos não nos escravize. Que queiramos ser outra coisa além da imagem e semelhança Dele.
Não, não é verdade que o sofrimento torna melhores as pessoas. O sofrimento frequentemente embrutece, tira a sensibilidade, tira a esperança, torna cruéis as pessoas. Um Deus – ou força cósmica – que usasse o sofrimento para a evolução seria muito curto de inteligência – não saberia aquilo que os homens aprenderam: que a única força capaz de fazer as pessoas ficarem melhores é o amor. (Rubem Alves)
Acho indecente ser bom e lutar pela justiça porque Deus manda. Há muitos que lutam pela justiça simplesmente porque amam os que estão sendo injustiçados, sem precisar que Deus lhe dê ordens. (Rubem Alves)
Notas e Referências:
[1] Neste texto recorrerei mais que o habitual aos poetas. Talvez porque, sendo os que melhor falam de amor, podem me ajudar a suportar falar de tanto ódio que nos assola. Aqui, reporto-me ao escrito intitulado “A cultura do terror”, de Eduardo Galeano, que bem demonstra como tudo pode ser utilizado como justificativa para se causar dor ao outro, caso isso se deseje:
“A extorsão, o insulto, a ameaça
o cascudo,
a bofetada,
a surra,
o açoite,
o quarto escuro,
a ducha gelada,
o jejum obrigatório,
a comida obrigatória,
a proibição de sair,
a proibição de se dizer o que se pensa,
a proibição de fazer o que se sente,
e a humilhação pública
são alguns dos métodos de penitência e tortura tradicionais na vida da família. Para castigo à desobediência e exemplo de liberdade, a tradição familiar perpetua uma cultura do terror que humilha a mulher, ensina os filhos a mentir e contagia tudo com a peste do medo.
— Os direitos humanos deveriam começar em casa — comenta comigo, no Chile, Andrés Domínguez”.
[2] Não me atrevo nem a mencionar o sarcasmo de nominarem como “inimigo” o autor de furto, ameaça, injúria, calúnia, difamação, etc.
[3] Sobre conceitos que auxiliam na compreensão do que sejam, bem como de seus exemplos: http://emporiododireito.com.br/pelo-direito-de-recusar-a-bondade-dos-bons-intervencoes-policiais-em-tentativas-de-suicidio-por-maira-marchi/
ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA. Manual de Gerenciamento de Crises. Brasília, 1991. 77 p.
ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. 17 ed. São Paulo: Cortez, 1994.
DOLTO, Françoise. Como orientar seu filho: importante psicanalista responde sobre problemas psicológicos de pais e filhos. 3 ed. 2 v. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.
FREUD, Sigmund. Reflexões para os tempos de guerra e morte. Obras Psicológicas Completas. v.XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1915/1996.
GOMES, Maíra Marchi. O lado negro do preto: o fardo da farda: narrativas de integrantes do BOPE-SC sobre mandato policial de grupos especiais de polícia. 475 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2010.
LACAN, Jacques. As metas morais da psicanálise (Lição de 29 de junho de 1960), In: _____. O seminário – Livro 7. A ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar (1959/1960).
LUCCA, Diógenes Viegas Dalle. Gerenciamento de Crises em Ocorrências com reféns localizados. Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Latu Sesu em Política e Estratégia. Orientador: Braz de Araújo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002b. 94 p.
SOUZA, Wanderley Mascarenhas de. Gerenciamento de Crises: Negociação e atuação de Grupos Especiais de Polícia na solução de eventos críticos. Monografia de conclusão de Curso apresentada ao Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais II/95. Orientador: Percival de Souza. São Paulo: Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores / Polícia Militar do Estado de São Paulo, 1995. 115 p.
Maíra Marchi Gomes é doutoranda em Psicologia, mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Santa Catarina e Psicóloga da Polícia Civil de SC.
By Alison Marchi - 10/08/2015
Celebrate our disunity.
(...) Let us celebrate our vanity.
(...) Let us celebrate our righteousness,
greed and defamation.
Let's celebrate the prejudices
(...) Do not have anyone who would listen,
do not have to love.
Let's feed what is evil.
We hurt a heart.
(...) Let's celebrate envy,
intolerance and incomprehension.
Let's celebrate violence.
(...) Let us celebrate the aberration
of our entire lack of common sense,
Our disregard for education.
(...) Come, my heart is in a hurry.
When hope is dispersed
only the truth sets me free.
Enough of evil and illusion.
urban Legion
It is too trivial to demand the terror culture fans [1] of legitimacy to repression, suffering, pain. All this led to the other, of course! After all, the higher the radicality of the other (the more different from me it appears), it is more unbearable to live with him for those little / nothing can live in society. Or, remembering Freud (1915/1996, p.309) telling us that "we owe the most beautiful flowerings of our love to the reaction against the hostile impulse we feel within us" by those who have never become able to love.
Unfit to live in society are not those who transgress rules, but the pervert. They are those who, for example, convince yourself and (try to) convince the other deserves to be exterminated.
Here, I want to talk to those who have love as a flag, and suffering by continually find themselves surrounded by hate speech. Those whose blood marejam eyes do not understand that love is not questionable. They do not admit that their questions like "but what if ..." in a desperate attempt to find conditions under which that lovers will not love, do not convince those who support the other without it to be, even if a bit anyone, mirror itself.
I intend to talk to the incorrigible lovers, who often feel alone. I tell you right now that so keep these corridors of life, between one and another bump with others who use their own hearts to illuminate their way. I speak to so described by Freud (1915/1996, p.285), and for the same reason cited by the father of psychoanalysis: "The individual who is not himself a fighter - and thus a tooth of the giant gear of war - feel If astonished in their orientation and inhibited in his powers and activities. I believe it will welcome any clue, however slight it may be, that makes it easier to find your way at least within himself. "
The question I want to point out is: if it is already (should be) threatening to civilization the existence of subjects that only direct hate each other to the point of seeking justification for evil (being his revenge icon), what to think of a State do the same? What about a state that is also said to be at war?
Power would discuss disrespect to those who actually were in a war to nominarem of "war" the current crime situation in the West. It is an insult to those who were in a war the message that should take the author of trafficking crimes, theft, murder, larceny and rape as "enemy" [2]. But just try to argue that life can be better than that fantasized by persecutory delusions and hallucinations.
In the text cited Freud, which is one of two in which he specifically addresses the theme of war, it is a warning in this direction: that the state does not prohibit the practice of evil because he wants to abolish it, but because you want monopolizá- over there. And, even more important, it points out the ingenuity of those who flaunt it (supposedly) righteousness "should not be objected that the state can not refrain from doing evil, a time that would put him at a disadvantage. There is less disadvantageous, in general, for the individual to conform to standards of morality and refrain from a brutal and arbitrary conduct; and a few times the state proves to be able to compensate him for the sacrifices that demands "(Freud, 1915, p.289).
It might be thought that the state knows very well that citizens are not at war with each other, but it (the State) would gain if they were. Hence his attempt to worsen the already it is hard: live. In this direction, it is possible to list several ways in which the state achieves this feat, but I aterei some passages of police authored works on Crisis Management [3]. This is because it seems to me to deal with situations and allow viewing of confusion between public security and armed forces. I understand that the way the police recognize their allocation in these cases is sort of like icon to see your daily activity (Gomes, 2010).
Among the doctrinal foundations of Tactical Groups, for example, is paramilitary unit or small military; hierarchy, discipline and loyalty; volunteering; constant training; exclusive dedication and commitment to kill (Souza, 1995). In fact there are those who do counterpoints to this view, as Lucca (2002, pp.79-80), which allows ask whether the explanation for the war actions of some special groups of police can not be explained, at least in part, from of its origin. In his words:
The concept of tactical invasion was popularized in the police through the middle of the American swats models and subsequently in other similar groups in European countries. (...) The said models had strong influence of Command Actions called, which were aimed generally cause low destruction on enemies. It should be noted that this model for police use, does not apply and, therefore, the expressions such as commitment to kill, act violently and similar, are not relevant to any tactical group that has the purpose to act ( emphasis added)
There are currently technical understanding, even in respect to some legal regulations, the Crisis Management should seek saving the lives of all involved to the last resort. Both is that even when authorized the invasion tactic (last resort for their solution), it is expected that the police will seek as much as possible to draw up a strategy in which even the author of the crisis remain alive.
Anyway, the story of police doctrine on the subject, in a work written three years after the promulgation of the Constitution of 88, is this kind of argument: "When entering a critical point to promote a rescue, the men of the tactical group they are trained and conditioned to kill the bad guys and free the hostages unharmed. If perhaps some bandit achieve escape alive it is because the mission was not fulfilled to perfection "(NATIONAL ACADEMY OF POLICE, 1991, p.57) (emphasis added). And in the same direction, the following rationale:
The cause of the critical event, according to the doctrine of crisis management, had their opportunity to negotiate, to lay down their arms and seek an honorable and safe solution to the problem they have created.
Extinct negotiations by their unilateral act, and started unequivocal actions against the lives of the hostages, one can not expect a police officer to shoot to kill conditioning go play a desperate gesture of surrender as authentic.
If this happens, all right - the life of the bandit will be preserved - but otherwise, there is no reason that the police and the court crying get spilled milk (which was not, after all, good quality) (NATIONAL ACADEMY POLICE, 1991, pp.57-58) (italics mine)
It seems difficult to expect a police formed by a state that provides continence to war believe that it is not a war. To them, I offer the following response Dolto (1988, p.178) the letter from a boy of twelve, because I understand that these officers are as vulnerable as a subject of this age:
"Children need to play war, because adults find weapons so interesting that make them parades on holidays and everyone will see and applaud these shows ever more dangerous weapons. A wooden gun, a toy gun, are not very dangerous and allow play tough. I have no opinion on the subject. But there are parents who have. Parents are as they are, and when you choose yours, you have to adapt. You, when father, boy, do you want! And it's you who should tell me if you think that colleagues who do war games are more humane and more civilized than others. I do not know anything. The war games are a thing of small children; later, like to martial arts, as they say. - which are games with rules and requiring self-control "
We can only wonder why adults celebrate weapons, including civic ceremonies. What about a state that infantilizes citizens to confuse joke and war reality?
Noting that the state intervenes increasingly to exclude us, not to mediate conflicts that the relationship with the other inevitably brings increasingly convinced me that the capacity to love another is inversely proportional to the love of the law and the truth . Something that a fairy tale had already taught us ...
The girl went to live happy with the dwarves, was not the dogged mirror stupidity that could only say the truth, because of its ethical rigor. The very first time the stepmother sought the mirror amoral but very well known, and stricken with sclerodactily, dedou that Snow White was still alive and even provided his address to the queen. If it were today, it is certain that he would be employed by the intelligence services. The rest we all know.
The mirror would hit it, crossing his fingers, he had told a lie. And this for a very simple reason: the truth can be placed at the service of death. Also death love to know. Also death protects Science ... The arms race ... (...). You can remain free of values when facing death? Or neutral when life is at stake? (Alves, 1994. pp.41-42)
In addition to the character function "Magic Mirror", another aspect about which little is said about the purpose of the story of "Snow White and the Seven Dwarfs" is the father of the protagonist was far from innocent. Rather, he (also) had responsibility in the rivalry between the second wife and daughter. A responsibility that can be perceived in different ways in the various versions of the story, but in all of them is the transmission of a human ideal. This ideal of human shown in revulsion at the horrendous two wives and daughter. The first, by the expectation of a perfect daughter; the second, the expectation of beauty; and the last, by the expectation of goodness. Not to disregard, moreover, that the pursuit to achieve the ideal of them all was crossed by the aim to please this man.
In some versions, the father of Snow White dies before the second wife trying to kill her. In others, it simply disappears from one point, allowing us to think of omission. But it is around it that occur in all versions, some deaths. And it is around smaller guys that are not "at-least-one" which give some new life chances (his daughter, at least). The full power is usually a bad place in which to aim.
The royal father, tells us Freud's castrating. On what? For his real presence as effectively giving a hard upon the character to whom the child is in rivalry with him, or his mother. That is so or not on experience, in theory it brings no doubt - the real father is promoted as Great fucker - not before the Lord, believe me, that is not even there to count the number of times. But you do not pay this real father and the mythical decline of Oedipus behind that the child at this age however advanced five years, may well have already discovered? - That is, the imaginary father, the father who did this child is so fucked up.
(...). It is about the experience of deprivation that has the young child - not so much for being small but being a man - is not around what for her is the privation that the mourning of the imaginary father is fomented and forge? - This is a parent who is truly someone. The perpetual reproach which then rises, more or less permanent and well-formed way as the case remains crucial in the subject structure. This imaginary father, is he, not the real father, who is the foundation of providential image of God. (Lacan, 1959/2960, pp. 368-369).
It's frightening what is done in the name of supreme authority. In the name of an officer of a nation, of a God. And that highlight the worst of an authority is not full, but to believe the subject submitted to it so that it should be. The real father who is envied, one reaches the imaginary father is idealized. If this is the inevitable, at least not in enslaving. We want to be something else beyond the image and likeness of Him.
No, it is not true that suffering makes them better people. Suffering often dulls, takes sensitivity, takes hope, makes cruel people. A God - or cosmic force - that uses suffering to evolution would be very short of intelligence - would not know what men have learned: that the only force able to make people better is love. (Rubem Alves)
I think indecent good and fight for justice because God commands. There are many who fight for justice simply because they love being wronged without God to give you orders. (Rubem Alves)
Notes and References:
[1] In this paper I shall turn more than usual to poets. Perhaps because, being the best that speak of love, can help me to bear to speak of so much hatred that plagues us. Here, I refer to the written entitled "The Terror culture" by Eduardo Galeano, which clearly shows how it can be used as justification for causing pain to another, if it is desired:
"Extortion, insult, threat
the husky,
the slap,
the beating,
the scourge,
the dark room,
the cold shower,
the obligatory fast,
mandatory food,
a ban on leaving,
the prohibition to say what you think,
the prohibition of what it feels like,
and public humiliation
are some of the traditional methods of penitence and torture in family life. For punishment for disobedience and example of freedom, the family tradition perpetuates a culture of terror that humiliates women, teaches children to lie and contaminates everything with the plague of fear.
- Human rights should begin at home - said to me, Chile, Andrés Domínguez. "
[2] I dare not mention the sarcasm nominarem as "enemy" the author of theft, threat, slander, libel, slander, etc.
[3] On concepts that help in understanding what they are and their examples: http://emporiododireito.com.br/pelo-direito-de-recusar-a-bondade-dos-bons-intervencoes-policiais-em-tentativas-de-suicidio-por-maira-marchi/
NATIONAL ACADEMY OF POLICE. Crisis Management Manual. Brasilia, 1991. 77 p.
ALVES, Rubem. Stories of those who like to teach. 17 ed. São Paulo: Cortez, 1994.
Dolto, Françoise. How to guide your child: important psychoanalyst answers about psychological problems of parents and children. 3rd ed. V 2. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.
FREUD, Sigmund. Reflections for war and death times. Complete Psychological Works. v.XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1915/1996.
GOMES, Maíra Marchi. The dark side of black: the uniform of burden: narratives of BOPE-SC members about police mandate of special police groups. 475 p. Thesis (MA) - Federal University of Santa Catarina, Center of Philosophy and Human Sciences, Graduate Program in Social Anthropology, Florianópolis, 2010.
Lacan, Jacques. The moral goal of psychoanalysis (Lesson 29 June 1960), In: _____. The seminar - Book 7. The ethics of psychoanalysis. Rio de Janeiro: Jorge Zahar (1959/1960).
LUCCA, Diogenes Viegas Dalle. Crisis Management in Events with localized hostages. Paper presented to the Graduate Course Latu Sesu in Policy and Strategy. Advisor: Braz de Araujo. Sao Paulo: University of Sao Paulo, 2002b. 94 p.
SOUZA, Wanderley Mascarenhas. Crisis Management: Negotiation and Police Special Groups performance in solving critical events. Monograph completion Course presented to the Officers Training Course II / 95. Advisor: Percival de Souza. São Paulo: Improvement Center and Higher Studies / Military Police of São Paulo State, 1995. 115 p.
Maíra Marchi Gomes is a PhD in Psychology, MA in Anthropology at the Federal University of Santa Catarina and Psychologist Civil Police SC."